24/07/11

A utilização do telemóvel pelas crianças




Quem consegue imaginar um jovem sem telemóvel? Que jovem se consegue imaginar sem telemóvel? E se falarmos de crianças, com que idade começam elas a ter esse aparelho?

Para a juventude de hoje, o telemóvel parece ter-se tornado numa extensão do seu próprio corpo. Na verdade, o mesmo acontece com muitos adultos. E se se fala dos problemas causados por os alunos não quererem prescindir dos seus telemóveis ligados durante as aulas, o problema torna-se mais difícil de abordar quando se assiste a reuniões de pais na escola, em que os seus aparelhos tocam "alto e bom som" e eles os atendem na frente dos filhos e dos professores.

Um estudo de mestrado sobre a utilização de telemóveis por crianças do 1.º ciclo da zona de Lisboa, realizado por Kárita Francisco, na Universidade Nova de Lisboa, chega a algumas conclusões comuns a outros, por ela referidos, realizados na Finlândia. Até aos 10 anos, o telemóvel é mais utilizado para jogar e para a criança poder estar em contacto com os pais. A partir dessa idade as outras funções ganham um peso crescente, passando a comunicação com os amigos a entrar em competição com a estabelecida com os pais.

Os pais começam por dar o primeiro telemóvel aos filhos, muito novos, com frequência, para os sentirem em segurança, por poderem contactar com eles a qualquer momento. Também nos novos tipos de família (pais separados, por exemplo), diz Kárita Francisco, a posse do aparelho é considerada um recurso facilitador da comunicação.

A moda e o consumismo são outros fatores que contribuem para a popularização dos telemóveis, particularmente a partir dos 10 anos. Eles constituem mais um elemento de pertença ao grupo.

Não obstante as vantagens de possuir telemóvel, a minha experiência diz-me que é fundamental pensar nos riscos e nas formas de os prevenir. Diria que é conveniente começar por se pensar para que se pretende o telemóvel e escolher um que preencha os requisitos e não os exceda largamente. Um aparelho caro, de última geração, cheio de funções dispensáveis, é um chamariz para roubos ou para consumos supérfluos, sendo, desde logo, uma forma de deseducar crianças/jovens enquanto consumidores.

A definição/negociação de regras de utilização não pode ser dispensada: quanto se pode gastar, tipo de tarifário, situações de utilização, etc. No que se refere a esta última questão, é imprescindível que os jovens se apercebam de que há usos ilícitos do telemóvel que podem ter consequências sérias, como a utilização em salas de aula, a gravação de imagens sem autorização, a realização de downloads ilegais.

Para terminar, lembro os pais de que não se podem esquecer do ditado "Bem prega Frei Tomás, não ouças o que ele diz, olha para o que ele faz." Como podem esperar uma boa utilização do telemóvel pelos seus filhos, se são os primeiros a dar o mau exemplo?

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